domingo, 17 de novembro de 2019

Seminário internacional realizado em Brasília de Karatê WADO KAI

ENTREVISTA COM O SHIHAN JOSÉ LEZON SOBRE O ESTILO WADO KAI WADO RYU DE K...

ENTREVISTA COM SHIHAN JOSÉ LEZON NO SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE WADO-KAI 16 E 17 DE NOVEMBRO DE 2019 EM BRASÍLIA D.F.








Realizou em Brasília, na escola técnica do Guará, cidade satélite do D.F., dias 16 e 17 de Novembro de 2019, O Seminário Internacionl de Karatê WADO-KAI -WADO RYU - Estilo que incorpora técnicas de Jiu-Jitsu.  Ministrado pelo Shihan José Lezon (8 Oitavo Dan).Wado Ryu é o nome do estilo de Karate. Wado Kai é o nome da associação original criada pelo próprio fundador do estilo, Hironori Ohtsuka, 10° Dan. Fui muito bem recebido pelo Shihan no Seminário, recebi várias explicações sobre o Estilo e vamos descrever aqui algumas de suas características. No meu entedimento  Wa = PAZ/ HARMONIA, DO = CAMINHO / VIA . RYU=ESCOLA, KAI ASSOCIAÇÃO/FEDERAÇÃO. Podemos dizer que RYU são escolas e escolas temos muitas no Brasil e no Mundo, então posso chamar este estilo de WADO KAI.  Shihan José Lezon me descreveu uma arte voltada para o conceito do equilíbrio e não da força, somada a técnica e uma forte estrutura de bloqueios de golpes contra os adversários, lembre-me de algumas influências do Aiki-do e eficazes finalizações do JUJUTI-SU, onde JU (suave), e JUTSU (arte ou técnica) são também observadas durante os movimentos. Eu não posso esquecer de citar a eficácia das ANTECIPAÇÕES e Bloqueios neste estilo, porém a essência do Karatê Shotokan aparece em quase todos os movimentos. Praticantes de outros estilos e desavisados por não conhecerem o WADO KAI, não podem aventurar-se na prática IMEDIATA e TREINOS EXAUSTIVOS, com o objetivo de se introduzirem rapidamente no WADO KAI, é recomendado que haja um estudo ou participação em seminários que visem o ensino correto do mesmo, para isso, Sensei Nonoyama está realizando este seminário em Brasília-D.F.. Segundo Shihan José Lezon, o WADO -  KAI é um estilo que pode ser aprendido, desde que haja empenho e perseverança, disse ainda que é um dos Estilos mais difíceis de se aprender, mas quando o aluno procura seguir a meta estabelecida pelo professor, tudo vai se encaixando, é o estilo que ele ama e se apaixonou, demorando 6 anos para aperfeiçoar e idealizar , modificando e implementando várias das posições do Shotokan, até conseguir movimentos que caracterizassem o estilo. O que pude observar no estilo WADO RYU WADO KAI é que ele é composto de uma série de esquivas e bloqueios tão eficazes, que é praticamente impossível que o atacante ao menos pense que vai ser golpeado, uma espécie de 2 em 1, você bloqueia, você ataca, e ainda, você desequilibra o adversário, fazendo com que sua estrutura dorsal desabe, forçando as vezes a cair, como um prédio que perde suas colunas, embora com alguma base, venha a desabar. A complexidade que alguns atletas de karatê adotam aos seus estilos, não ressurge e nem ressoa no WADO KAI WADO RYU, seus movimentos são rápidos e esquivantes, PRESERVANDO ENERGIA para GOLPES FINAIS E FATAIS, fazendo assim uma EFICAZ ARTE DE CONTRA-GOLPES. Nesse estilo, não observei por parte do Shihan qualquer preocupação em ficar se armando como PAVÃO NINJA ou SAMURAI FAKE, como observei em alguns atletas do passado, que ao se posicionarem em algumas lutas para inicio de combate, realizam verdadeiros desperdícios de energia em seus movimentos. No WADO KAI, os movimentos tem um objetivo final e eficaz, NÃO SÃO PLÁSTICAS DE FILME, são bases fortes e sólidas, onde o adversário se vê praticamente encurralado diante dos movimentos. Durante a conversa com Shihan José Lezon, conheci um homem sereno e equilibrado, com a postura de um autêntico Samurai, um homem que tem muito a nos ensinar sobre esta arte e sobre a vida. Deixo aqui meus sinceros agradecimentos ao Sensei e diante do maravilhoso trabalho realizado neste seminário em Brasília-D.F. e o privilégio de ter recebido aqui o Shihan José Lezon aqui no Brasil. José Lezon é natural de Braga em Portugal. Abaixo aqui assista entrevistas completas pelo youtube e veja algumas fotos do Seminário : 
Texto de Paulo Machado Brasília - D.F.



















































sábado, 21 de setembro de 2019

Professor de Jiu-jitsu de projeto social é candidato a conselheiro tutelar no Gama-DF.



Halyson Lessa, faixa-preta Primeiro Grau, é voluntário e fundador em projeto social no Gama-DF, é candidato a conselheiro tutelar nesta cidade satélite onde atua. Conhecido como voluntário do grupo Clowns Minister (Palhaços Ministros), visita pacientes em hospitais do D.F. e principalmente em sua cidade, onde desenvolvem festas e atividades para crianças carentes, com o objetivo da integração social e Cristã. Muitas pessoas que conhecem Halyson naquela região, dizem que ele é a alegria e humildade em pessoa, que tem em seu carisma a bondade Cristã e não tem medo de se aproximar daqueles que precisam. Halyson tem ajudado a retirar muitas jovens da rua que estão em situação de vulnerabilidade, adolescentes afastados do seio familiar, integrando-os através do esporte, da alegria e de atividades sociais. Não fácil para um atleta que é pai de dois filhos, cuidar de tantas atividades como estas. Halyson é o palhaço da alegria de muita criançada nas tardes em que atua nas festas e recreações no Gama e em diversas ações sociais em que é chamado. Estamos pedindo aos amigos do Gama, moradores e atletas, pais de família ou não, o voto de confiança para eleger o amigo Halyson ao cargo de conselheiro tutelar, eleição que se realiza dia 06 de Outubro. Pedimos que fique atento aos locais de votação e compareça com seus amigos e título de eleitor na mão.  Abaixo temos uma matéria do G1 GLOBO falando sobre a função do Conselheiro Tutelar:
https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2019/06/07/novos-conselheiros-tutelares-do-df-serao-eleitos-em-outubro-com-salario-de-r-46-mil.ghtml



Acesse o link abaixo:

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Texto de Paulo Machado.


quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Carlos Torres: Pioneiro da Arte KUDO no Brasil e atleta profissional.


Mestre Azuma Takashi e Sensei Carlos Torres



                                          Reportagem da rede Record sobre a arte KUDO.


Sobre o Sensei Carlos Torres, pioneiro do Kudo no Brasil:
Conheci o Sensei Carlos Torres durante a realização de matérias em seminários de Kudo aqui no D.F., estive no primeiro seminário fazendo reportagens para a internet e abrindo plataformas digitais que fossem capazes de semear divulgações mais rápidas sobre o Esporte em Brasília-DF e através do facebook e de outros meios, tenho feito muitas divulgações para quem não conhece a arte. Ouvia falar do Sensei somente pela internet e por referências do Sensei Nonoyama , e finalmente havia o conhecido pessoalmente no primeiro seminário de kudo aqui na cidade. Posso afirmar a todos os amigos o comprometimento e a responsabilidade que o Sensei Carlos Torres tem para com esse esporte, a coragem e o empenho em abrir um caminho para o Kudo no Brasil, em meio a uma floresta de ilusões, que fabricam faixas-pretas artificiais, o Sensei Carlos Torres é um samurai da era moderna, sem abrir da disciplina japonesa, ensinada pelo Mestre Takashi Azuma. Carlos Torres foi forjado nas arenas da verdade, não comprou ou subornou seu professor e mestre para Obter sua faixa, foi CALEJADO durante combates, treinos e viagens para seminários em todo o Brasil. Carlos não dispõe de recursos milionários e nem tem contratos com grandes marcas que lhe ofereçam fontes para desempenhar suas funções, como a maioria dos atletas Brasileiros, tem uma estrutura bem simples. Para que viaje pelo país, conta com vaquinhas dos atletas nas federações ou as vezes com recursos próprios. Foi assim que o Kudo cresceu no Brasil, com a cara e com a coragem! Mestre Takashi reconhece em Carlos um filho e o colocou como Responsável e representante do Kudo no Brasil, mas o mesmo filho teve que suar a camisa para isso : Carlos foi provado e testado em campeonatos mundiais enfrentando adversários duros de diversos países. Provado pelo ouro e pelo fogo, suas dores e seu sangue no kimono, deram a Takashi a prova de que poderia confiar e certificar Sensei Torres para tal tarefa em sua vida. Conhecemos histórias de muitos atletas que conquistaram suas faixas através de negociatas e acordos, Sensei Carlos Torres conquistou seu espaço através de provas de fogo em combate  e  trabalho sincero. Deixo aqui meu respeito ao Sensei Carlos Torres e ao Mestre Azuma Takashi, homenagem merecida e honrosa. Minha missão de divulgar o Kudo continua e agradeço a possibilidade de escrever e participar da história da arte Kudo no Brasil. 

Atenciosamente,
Paulo Machado
Editor deste Blog

quarta-feira, 31 de julho de 2019

TURMA DE KUDO DA POLICIA FEDERAL, UM AVANÇO NO TREINAMENTO PARA DEFESA PESSOAL DE POLICIAIS.


1.  









  Postamos na integra todo o comentário do Mestre Bandeira, que ministra aulas de Kudo na Polícia  Federal. Esse maravilhoso Texto nos dá uma noção do trabalho que vem sendo desenvolvido pelo professor na preparação de agentes de segurança pública, com o objetivo de garantir melhor desempenho em suas funções e que estejam mais qualificados quando vierem proteger a sociedade.

    Todas as fotos aqui foram editadas com policiais usando o capacete do esporte no intuito de garantir a segurança pessoal dos mesmos e de terceiros, mantendo o sigilo do trabalho profissional de cada um. 

          Nome: Marcos Edilson do Rêgo Bandeira.
2.       Profissão: Funcionário Público na área de segurança pública, com 32 anos de experiência.
3.       Graduação: Faixa preta de Kudo Daido Juku – 1º dan e faixa preta de Judô 2º dan.

O trabalho realizado no dojo da Polícia Federal posiciona-se dentro do contexto pensado e criado por Azuma Takashi (criador da arte em 1981). Ou seja, uma arte marcial híbrida em que se procura o máximo de eficiência técnica através da aproximação de situações reais. Logicamente, dentro de um ambiente controlado e seguro para o aluno. Os alunos são estimulados a realizar os movimentos (socos, chutes, cotoveladas, estrangulamentos, chaves de braço, etc) de maneira exaustiva como deve ser o treinamento de uma arte marcial que tem a pretensão de servir para defesa pessoal. Não se trata de um curso de defesa pessoal, mas um ESTILO de VIDA que envolve treinamento extenuante. A verdadeira arte marcial voltada para defesa precisa tornar seu praticante com condições de reagir sem raciocinar, a reação deve ser um reflexo das circunstâncias ao redor. Exemplificando: quando um mosquito se aproxima dos olhos de alguém o reflexo motor fecha os olhos sem pensar, é automático.
O Kudo nasceu com a proposta de unir o budo e o bujutsu – budo, dá atenção ao desenvolvimento da mente, do espírito e o bujutsu, dá atenção ao treino voltado para a batalha. Entendo que o Kudo representa um resgate da força e do vigor existentes nas artes marciais antes da restauração Meiji no Japão. Essa capacidade de assumir as duas posturas torna o Kudo uma arte de defesa por excelência para órgãos de segurança. É esse método que está sendo desenvolvido na Polícia Federal, uma arte voltada para a eficiente defesa do cidadão/policial/administrativo.
Os treinos levam em consideração a parte física, lógico, e, também, pequenas conversas que tem como objetivo alertar os alunos que o confronto é último recurso, que o mais importante é criar hábitos de comportamento que minimizem as chances da pessoa se tornar vulnerável e, consequentemente, se tornar uma vítima.
Eu quero ter a pretensão de acreditar que o Kudo sendo uma arte híbrida, conforme dito acima, reconhecendo a importância de outras artes, afinal, importou dessas várias técnicas, tornou-se indispensável para qualificar qualquer cidadão que tenha interesse em defesa pessoal objetiva.
No caso específico da Polícia Federal, o Kudo, na minha visão, torna-se ainda mais relevante, pois investe diretamente no contexto cognitivo, psicomotor que são inalienáveis ao processo decisório desses profissionais no exercício da atividade policial e administrativa.  
Finalmente, chamo a atenção que a segurança pessoal é intransferível, cada cidadão tem a obrigação de estar preparado para defender-se e defender as pessoas que ama. Por isso, minimizar as oportunidades desagradáveis com medidas preventivas e condicionamento marcial é uma decisão inalienável. O KUDO REPRESENTA TUDO ISSO.
OSU!

Agradecimentos ao Mestre Bandeira pela colaboração a este espaço de conhecimento e também ao mestres  Maicon Nonoyama e Mestre Carlos Torres, pelo trabalho realizado no Karatê do DF e a frente do Kudo no Brasil.


segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Entrevista com Max Müller Cerqueira Sobrinho,Praticante e especialista em artes marciais e estudioso no campo desses comportamentos.




REALIZAMOS UMA ENTREVISTA COM O AMIGO E GUERREIRO MAX MULLER E  A ATUAL REALIDADE DAS ARTES MARCIAIS NO BRASIL E NO MUNDO, RECOMENDAMOS A LEITURA DESTE MATERIAL RICO E NECESSÁRIO PARA OS DIAS DE HOJE. AGRADECEMOS AO AMIGO POR NOS CONCEDER TAL ENTREVISTA PARA O NOSSO BLOG.



Nome: Max Müller Cerqueira Sobrinho

Profissão: Graduado em Letras (UnB), Mestrado em Teoria Literária (em formação, UnB) e Especialização em Psicologia Analítica (em formação, IJEP); Servidor Técnico-administrativo na Universidade de Brasília-UnB

Artes Marciais

Faixa Preta 1.º Grau em Arnis Kali Maharlika (arte marcial filipina, especializada em armas brancas), pelo Grão-Mestre 9.º Grau Herbert "Dada" Inocalla; 
Faixa Preta 1.º Dan em Kudo (arte marcial mista japonesa), pelo Sensei 2.º Dan Maicon Nonoyama; 
Faixa Vermelha (em vias de exame para Faixa Marrom) de Karatedo Wado Ryu Wado Kai, pelo Mestre 6.º Dan Maicon Nonoyama.



1.Na sua opinião, qual é a realidade das artes marciais no DF e no Brasil?

   Agradeço por esta entrevista. É muito importante a partilha de conhecimentos, aprender um com o outro, não apenas no domínio das artes marciais, mas em todo saber que contribua para a vida ser melhor, não é verdade? Espero que eu possa ser útil para que, quanto às artes marciais, as mesmas sejam sempre resgatadas em seu verdadeiro espírito e sempre atualizadas, para que a humanidade conheça essa via tão especial à evolução do ser humano.
   Percebo que há uma grande desvirtuação do que seja o espírito das artes marciais, na maioria dos locais em que se pretende ensiná-las. Percebo, porém, que há uma minoria realmente sincera e interessada em manter o que as artes marciais têm de autênticas, cujos princípios, que vão desde aspectos físicos, de saúde, técnicos e táticos, até psicoemocionais, morais, éticos, filosóficos, históricos, artísticos, culturais e espirituais. Isto, tanto no âmbito do Distrito Federal quanto no do Brasil como um todo.
   As artes marciais, que merecem essa denominação, são uma área do conhecimento humano que abrange quatro grandes vertentes em sua constituição: 1. arte (ou técnica) militar (portanto, âmbito da segurança); 2. ensino-aprendizagem (ou seja, educação); 3. atividade física (logo, saúde); 4. mística (espiritualidade). Sendo assim, as artes marciais devem ser praticadas, ensinadas e valorizadas sem desconsiderar nenhum desses importantes fundamentos, pois são eles que as definem. Logo, quem não observa essas características, não está compreendendo o verdadeiro espírito das artes marciais.

2.Para você, em que consiste a prática das artes marciais e o que é ser um artista marcial?
   Para mim, a prática das artes marciais consiste de uma dedicação freqüente ao desenvolvimento e à evolução pessoais, no sentido de se esforçar para se tornar exemplo para a formação de uma sociedade cujos valores sejam: educação - pessoas educadas no modo de ser marcial valorizam a vida, acima de tudo; honestidade - ser reto fomenta boas relações pessoais e uma sociedade melhor de se viver; justiça - ser justo, ao se fazer uso progressivo da força, sempre que possível, com foco na paz; coragem - ser altivo, sem ser arrogante, para enfrentar a violência, em todas as suas formas; segurança - todos têm direito à defesa de sua integridade física e moral, por meios moderados e necessários; compaixão - todos têm direito a uma segunda chance, se de boa mente dignarem-se à correção; sabedoria - erros e acertos, tudo na vida contribui para a evolução da pessoa, se ela for humilde para tanto.
   Nesse sentido, ser um artista marcial é ser alguém que, desenvolvendo-se física e tecnicamente, dá igual ou maior importância à pessoa que mais ama, à família, a um ofício digno, ao altruísmo por alguma causa voluntária, a alguma forma de espiritualidade que respeite todas as outras e não se poste como detentora de "verdades únicas". Porque arte marcial é, ao mesmo tempo, cultura de combate e cultura de paz. O artista marcial autêntico é um guerreiro, um especialista em armas, um líder, um terapeuta, um educador, um místico e um sábio.


3.Em que consiste a essência de uma arte marcial  realmente eficaz?

   A eficácia de uma arte marcial, em essência, consiste de ela fazer valer, na prática, o que ela propõe na sua teoria. Ou seja, se uma arte marcial pretende ser especialmente um método de autodefesa eficiente, ela deverá comprová-lo em situações reais. Se o objetivo é fazer com que exercícios típicos das artes de combate tornem-se instrumentos para outras expressões, como por exemplo, dança moderna, arte circense, coreografia cinematográfica ou melhorar desempenho de atletas de outras modalidades, se houve sucesso nesse tipo de uso, então essa arte marcial foi eficaz. Se a proposta é a de utilizar de técnicas físicas, de modo que com o tempo essas habilidades se espiritualizem e iniciem alguém em caminhos marciais como o Budo, por exemplo, sendo o Do uma Via Espiritual, então, nisto essa arte comprovou sua eficácia. Se o propósito for apenas o de utilizar de habilidades, mesmo que não sirvam para fins de autodefesa, mas somente como meios de exercitar meditação, ou realizar um trabalho de energia interna, se houve diagnósticos positivos, então houve eficácia. Poderíamos falar de outros exemplos. O que importa é que a teoria seja constatada na prática, na realidade, nos resultados. Isso, para mim, é eficácia, essencialmente, nas artes marciais.

   
4.Quais são os sintomas e resultados de ensinamentos mal empregados a alunos de artes marciais?

   Esse é um grande problema ético e moral encontrado em falsos ambientes que se dizem de "artes marciais". As artes marciais são caminhos formadores, educadores, modeladores do caráter das pessoas. Há uma preocupação, no meio das verdadeiras artes marciais, em iniciar pessoas que tenham o potencial para bem empregar suas habilidades, técnicas e conhecimentos que, se mal orientados, podem causar sérios danos físicos e/ou morais aos outros, quando não, incapacitações e mesmo mortes. Isto é muito grave! É intolerável! É preciso considerar a moralidade acima de quaisquer meras competências braçais. Esse é o entendimento profundo que leva à diferenciação entre um simples instrutor e um mestre de verdade. Mestre é quem já chegou ao nível de dimensionar o alcance do poder, até suas últimas conseqüências. Logo, o mestre é alguém dotado de um poder maior, que é sua capacidade de saber usar o dom que tem para o bem comum - e nunca o mal, o prejuízo, o dano aos outros. Se há alunos de artes marciais sendo lesados, seja física, moral ou financeiramente (é bom que se diga), é porque estão sob as garras inescrupulosas de instrutores de mau caráter. Esses alunos devem buscar se defender, no sentido de se aprofundar nos aspectos mais elevados das artes marciais, para poderem, assim, ir ao encontro de quem verdadeiramente seja capacitado a iniciá-los, respeitá-los e protegê-los, em sua total integridade e dignidade humana.
   
5.O que você pensa sobre o charlatanismo na arte marcial? Professores mal instruídos e alunos mal informados.
   Penso que práticas desonestas como charlatanismo nas artes marciais, a presença de falsos professores, com conseqüência direta na formação de baixa qualidade de alunos, é algo que deva ser tratado em nível de segurança e de saúde públicas. Há repercussões nefastas em se ensinar mal, assim como explicado na questão anterior, sobre os danos à integridade física dos praticantes, especialmente alunos. As artes marciais, historicamente, estão vinculadas a princípios morais, éticos, filosóficos, espirituais. Sendo assim, elas são um mecanismo de integração social, ao formarem indivíduos sadios, física, mental e espiritualmente. É uma afronta a essas jóias preciosas que nos foram deixados como legado de altos valores, que haja elementos mal intencionados a buscarem benefícios escusos, egoístas e puramente materialistas, usando do nome das artes marciais. Não saberia dizer quais recursos seriam os mais recomendáveis (e se seriam eficazes para tanto), do ponto de vista dos poderes públicos para coibirem tais práticas; porém, considero, de toda forma, que a sociedade não deve se calar nem se render diante da proliferação desses falsários, estelionatários, adulteradores. Se as artes marciais forem preservadas conforme suas genealogias autênticas de representantes, com seus valores mantidos em sua essência, todos os seus amantes praticantes e a sociedade só terão a ganhar em saúde, sabedoria, moralidade, cultura, mais segurança e harmonia na convivência.

   
6.Quais são os elementos necessários para que se constitua uma verdadeira caminhada de uma academia de artes marciais e seus alunos?

   Sou um tradicionalista nesse aspecto. Não tenho preocupações com a visão expansionista de algumas associações, federações e confederações. Meu Caminho nas Artes Marciais visa preservar e atualizar a velha, boa e sábia relação Mestre-Discípulo, com foco primordial no desenvolvimento físico, técnico, terapêutico, educacional, moral, ético, psicoemocional, cultural, artístico, histórico, literário, filosófico, espiritual dos praticantes. Se eu tiver sucesso material, que seja um simples adendo a essa meta maior. Busco resgatar e manter o tradicional espírito das artes marciais. Se minha caminhada produzir bons frutos, então esse é o sucesso que procuro. 

   
7.O que os mestres de artes marciais podem fazer para  melhorar seu desempenho nos ensinamentos?

   Primeiramente, os mestres de artes marciais devem buscar realizar uma reforma íntima. Significa voltarem-se para dentro de si mesmos: meditar. Também, buscar conhecimentos por meio de fontes como boas obras, não só de artes marciais, mas de história, cultura e outros, atrelados ao fazer do mestre dessas artes. Na antiga Esparta, os jovens aprendiam no Agoge (sua formação militar e cidadã) sobre combate, mas também sobre comportamento, canto, dança, e tudo o que compreendia a formação do hoplita, a elite da tropa de infantaria espartana. No antigo Japão feudal, a pessoa interessada em ser iniciado como samurai, buscava um Sensei, ou um monge guerreiro, que a preparava no Bushido - o Caminho do Guerreiro. Há outros exemplos. O que quero enfatizar é que as artes marciais não se resumem a trocas de socos, chutes, cotoveladas, joelhadas, projeções, quedas, torções, imobilizações, ou luta com armas. Também não se fecham em torneios, competições, esportividade. Elas não têm como prêmio apenas medalhas, troféus ou cinturões. Elas vão muito além disso. Suas metas são muito mais profundas, amplas e elevadas. Sendo assim, o que os mestres podem fazer para melhorar seu desempenho nos ensinamentos, é buscarem ser mais do que técnicos em artes de combate. Devem ser humildes o bastante para reconhecerem que nunca ninguém chega a saber tudo, na verdade sabe-se pouco, e que é necessário procurar visar outros alvos a serem acertados: porque é na interdisciplinaridade e na mente aberta que o ser humano pode entender melhor de outro ser humano. Arte Marcial, em suma, trata de como conhecer a si mesmo e aos outros. Isto é o que tenho a dizer. Muito obrigado! 

Grupo Cultura de Combate: tudo sobre combate, em sentidos amplo e estrito: https://www.facebook.com/groups/1392711224360939/?ref=bookmarks (Facebook)


Max Müller C. Sobrinho (Santosha)
Brasília, 14 de Janeiro de 2019